O MP venezuelano disse que pediu a prisão de González após o oposicionista ignorar três intimações. O órgão é aliado do presidente Nicolás Maduro e controlado por chavistas. A prisão de González não ocorreu até a última atualização desta reportagem.
O pedido do MP é mais um episódio da crise na Venezuela após as eleições no país, em 28 de julho. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Maduro vencedor do pleito, mas o resultado, divulgado sem a publicação das atas eleitorais, é questionado pela oposição e pela comunidade internacional.
A oposição diz que González foi o vencedor da eleição.
Entenda a cronologia da crise no país:
28 de julho: Eleição na Venezuela. A votação foi marcada por forte tensão.
28 de julho: CNE denunciou ataque hacker que derrubou site da autoridade eleitoral e supostamente impediu a publicação das atas eleitorais.
29 de julho: Na madrugada, o presidente Nicolás Maduro e o candidato de oposição, Edmundo González, se declararam vencedores da eleição.
29 de julho: CNE declarou Maduro vencedor da eleição com 51,2% dos votos, contra 44% de Edmundo González, com cerca de 80% das urnas apuradas. O resultado foi contestado por líderes mundiais -- não houve publicação das atas.
29 de julho: Oposição contestou resultado do CNE e disse ter como provar vitória de Edmundo González na eleição.
29 de julho: Após divulgação de resultado do CNE, protestos contra o governo Maduro começaram a acontecer na Venezuela.
30 de julho: Maduro ordenou posicionamento das Forças Armadas nas ruas da Venezuela para coibir protestos contra o governo.
30 de julho: Oposição publicou site com apuração própria da eleição a partir de cerca de 80% das atas eleitorais, obtidas nas seções eleitorais de todo o país.
31 de julho: Maduro disse que María Corina Machado, líder da oposição, e González "têm que estar atrás das grades" e que "a Justiça vai chegar" para eles.
31 de julho: Centro Carter, órgão internacional que observa eleições, disse que "pleito na Venezuela não pode ser considerado democrático".
1º de agosto: EUA disseram que Edmundo González foi o vencedor da eleição. O país foi seguido por outros, como Uruguai e Argentina, no dia seguinte.
2 de agosto: Tribunal Supremo de Justiça convocou todos os candidatos presidenciais para audiência de assinatura de aceite do resultado divulgado pelo CNE. Edmundo González não compareceu.
2 de agosto: CNE reiterou vitória de Maduro e atualizou os números, mas ainda sem mostrar as atas: 51,95% dos votos para Maduro, contra 41,18% para González, com 96,87% das atas apuradas.
5 de agosto: Edmundo González proclamou a si mesmo presidente eleito, com base na apuração com as atas obtidas pela oposição.
7 de agosto: MP abriu investigação criminal contra oposição por divulgação de site com contagem paralela das atas eleitorais.
10 de agosto: Suprema Corte iniciou auditoria dos resultados da eleição e disse que decisões do tribunal serão "inapeláveis".
22 de agosto: TSJ declarou Maduro vencedor após suposta auditoria das atas eleitorais do CNE e proibiu a divulgação das atas.
23 de agosto: EUA, UE e mais dez países rejeitaram a decisão do TSJ venezuelano de declarar vitória de Maduro.
23 de agosto: Grupo de ex-líderes da América Latina e Espanha chamaram decisão do Supremo da Venezuela de "golpe de Estado".
23 de agosto: Ministério Público da Venezuela anunciou que convocará González para depor na investigação criminal realizada pelo órgão no âmbito da publicação do site com as atas.
26 de agosto: CNE acatou decisão do TSJ e reafirmou vitória de Maduro.
26 de agosto: Diretor do CNE denunciou "falta de transparência e de veracidade" na eleição.
29 de agosto: MP ameaçou González com prisão caso ele falte à terceira convocação para depoimento.
29 de agosto: Diante da não publicação das atas eleitorais um mês após a eleição, a União Europeia não reconheceu a "legitimidade democrática" da reeleição de Maduro.
2 de setembro: Justiça acatou pedido do MP e emitiu mandado de prisão contra González.