A Starliner, cápsula da Boeing que levou ao espaço os dois astronautas que estão "presos" na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), que começou seu retorno à Terra na sexta-feira (6), pousou por volta da 1h deste sábado (7), pelo horário de Brasília, no deserto do Novo México, nos Estados Unidos.
A missão não é tripulada. Suni Williams e Butch Wilmore permanecem na ISS, enquanto a cápsula, que enfrentou muitos problemas com seu sistema de propulsão, voltou ao nosso planeta. Eles devem retornar somente em fevereiro do ano que vem.
Perto das 19h de sexta, no horário de Brasília, a Starliner desacoplou da Estação Espacial, iniciando sua jornada de aproximadamente 6 horas. No Parque Nacional White Sands, no estado do Novo México (EUA), equipes da Boeing e da Nasa, a agência espacial norte-americana, estavam prontas para recebê-la.
A Starliner retornou à Terra aparentemente sem problemas, conforme mostrou uma transmissão ao vivo da Nasa. A cápsula contou com uma série de paraquedas para desacelerar a descida e inflou um conjunto de airbags momentos antes de tocar o solo.
Bill Nelson, administrador da Nasa, diz que a decisão de enviar a cápsula da Boeing de volta à Terra sem tripulação "é o resultado de um compromisso com a segurança".
A Boeing vinha insistindo que a Starliner era segura, com base em testes recentes dos propulsores, tanto no espaço, quanto em terra, mas a Nasa constatou que o sistema de propulsão da cápsula oferece muitos riscos para trazer a tripulação de volta.
"Não foi uma decisão fácil, mas é absolutamente a correta", diss Jim Free, administrador associado da Nasa.
A dupla foi enviada à ISS em 5 de junho, em uma missão de (supostamente) 8 dias, no primeiro voo tripulado da Starliner. Só que, segundo a agência, problemas nos propulsores e vazamentos de hélio bagunçaram todo o cronograma.
A decisão da volta pela SpaceX foi tomada pela Nasa e discutida com a Boeing. A escolha da Nasa pela SpaceX para trazer os astronautas de volta é uma das mais importantes nos últimos anos.
A Boeing esperava que a missão de teste da Starliner trouxesse redenção à empresa, após anos de problemas de desenvolvimento e mais de US$ 1,6 bilhão acima do orçamento estimado desde 2016.
A Boeing também vem lidando com problemas de qualidade na fabricação de aviões comerciais, seu produto mais importante.
Em um comunicado, a companhia disse que continua a focar, em primeiro lugar, na segurança da tripulação e da espaçonave. "Estamos executando a missão conforme a determinação da Nasa e estamos preparando a nave para um retorno seguro e bem-sucedido sem a tripulação", afirmou.
A Starliner foi projetada para funcionar de forma autônoma e já tinha completado dois voos sem tripulação antes dos problemas na missão de junho.
Bil Nelson, administrador da Nasa, diz que ter "100% de certeza que a a Starliner vai voar em outra missão tripulada".
Butch Wilmore e Suni Williams decolaram no início de junho a bordo da Starliner e desde então estão na ISS, onde a cápsula permanece acoplada.
A Starliner deveria trazê-los de volta à Terra 8 dias depois, mas problemas detectados em seu sistema de propulsão levaram a Nasa a questionar sua confiabilidade.
A principal preocupação era que a Starliner não conseguiria atingir o impulso necessário para sair da órbita e iniciar sua descida à Terra.
Por isso, uma missão regular da SpaceX, chamada Crew-9, decolará no final de setembro, mas com apenas dois astronautas a bordo, em vez de quatro.
Ela então permanecerá acoplada à ISS até o seu retorno à Terra em fevereiro, trazendo de volta os dois astronautas que viajaram na cápsula da Boeing, além dos dois tripulantes da Crew-9.